quinta-feira, 3 de maio de 2012

Culto à Maria Pequena


Culto à Maria Pequena

 Li. Reli. Folheei. Voltei. Voltei a voltar. Não satisfeito entrei em contato com o autor. Instiguei. Inquiri. Com as respostas, li. Reli. Voltei a voltar. Escrevi. Combates da Revolução Federalista em Passo Fundo e O Massacre dos Porongos & Outras Histórias Gaúchas, de Paulo Monteiro, são livros interessantíssimos, que não se atém sòmente ao resgate de fatos da história rio-grandense, que envolveram estudos, pesquisas, mas, também, principalmente, pelas considerações críticas.
Dentre tantas alternativas de leitura oferecidas nos exemplares pinço duas, que mereceram minha especial atenção, e que considero entrelaçadas, consequentes, além de terem como palco a cidade de Passo Fundo: Batalha do Pulador e A Primeira Santa Popular Passo-fundense.
Desde já, a preferencial e objeto desse texto, esclareço, pelo inusitado, pela singularidade, está nas linhas traçadas pelo historiador e que contemplam a figura da primeira santa popular passo-fundense. Se bem que, repito, entrelaçadas e consequentes, independentes de gosto.
Não podemos desconsiderar o entorno.
O primeiro evento, efetivado em 27 de junho de 1894, segundo a manifestação do autor, foi o episódio mais sangrento, violento, “pelo número de homens envolvidos na ação, o poder destruidor do armamento empregado e a quantidade de mortos”. Porém, decisivo para o desfecho da Revolução Federalista.
Depois, disso, escaramuças, tiroteios, entreveros isolados, com a mesma gana homicida entre os beligerantes, com atos, de ambos os lados, que não poupavam homens, mulheres e crianças, atrocidades injustificáveis em qualquer contexto histórico.
Pouco tempo depois, seguindo seus registros, e numa dessas operações vingativas – a viram, consequentes, entrelaçadas –, nos vemos em 28 de novembro de 1894, quando um piquete maragato, procurou pelo marido, este integrante das forças pica-paus, e o filho, adolescente, de Maria Meirelles Trindade, conhecida como Maria Pequena.
O resultado, visto que Maria Pequena se negara a informar o paradeiro do marido e filho, foi sua morte violenta, praticada de forma covarde, e que culminou em degola, após punhaladas desferidas numa ação “em que os algozes seguraram seus cabelos lisos, que foram puxados para trás, deixando a garganta exposta. E a filha da índia Marcelina Coema sentiu a veloz ardência de uma faca, aparando as jugulares. Correu alguns metros e caiu de bruços, pois assim acontecia com todas as vitimas desse bárbaro martírio”.
Foi sepultada ali mesmo, às margens do Arroio Raquel.  Nas palavras do autor “sobre sua sepultura simples, foi colocada uma cruz. Daí Cemitério da Cruzinha. Mais tarde almas devotas edificaram uma sepultura de tijolos pintada de azul”. Ao redor do túmulo, a partir da sua morte, defendendo um filho seu, adolescente, foram enterradas crianças pequenas “anjinhos, como se dizia à época”.
À Maria Pequena, então, passaram a atribuir milagres, criando-se no entorno de seu túmulo, visitações, oferendas de flores e velas, transformando-se numa espécie de santa protetora das crianças.
Nascia, aí, a primeira santa popular passo-fundense.
Com o crescimento da cidade, aquele cemitério foi desativado e os restos de Maria Pequena depositados na Catedral, sob o altar-mor, por iniciativa de um pároco, até que se construísse um mausoléu no Cemitério da Vera Cruz. Isto já na década de 1950.
O tal de mausoléu nunca foi construído. Prá que? Alimentar um culto a uma “bugra”, filha da índia Marcelina!
Até aqui, não textualizo nada de novidade, pois estes acontecimentos são registrados com riqueza de detalhes nos livros citados e em contatos informais com o historiador. Até, de certa forma, arrisco-me a cometer alguma incorreção.
Mesmo assim, sigo adiante.
Embasado nesses fatos permito-me lançar algumas considerações e hipóteses, que poderão ser confirmadas, discutidas, contestadas, mas que tenciono, trazendo o tema à baila, atualizar a personagem e reconhecer na figura desta “uma forma de manter a memória das mulheres vitimas da Revolução Federalista entre nós”.
Podemos dizer que:
– Seu tempo de veneração foi relativamente longo, desde sua morte em 1894, até, no mínimo, a década iniciada em 1950, quando seus restos foram transferidos para a Catedral. Não fosse esse reconhecimento, não teria tido essa deferência. Teria tido o mesmo destino comum a todos os corpos que estavam no Cemitério da Cruzinha.
– Durante esse período a Igreja “conviveu” com a existência de uma “Santa” na cidade. Com naturalidade conveniente? Contestatória? Neutralidade deliberada? Importante salientar o poder da Igreja, à época, e impossível não admitir que a existência de Maria Pequena, com reconhecimento popular a seus poderes, não fosse alvo de suas discussões.
– O recolhimento de seu corpo à Catedral, indiscutivelmente foi incomum. À primeira vista caracteriza uma admissão da Igreja, não quanto à santidade de Maria Pequena, mas a sua importância no ambiente religioso da comunidade popular. Sob outro prisma, pode ser a intenção de tirá-la do foco, eliminando seu culto, confinando-o num local sob seu controle, e que não permitia visitações, colocação de adereços, agradecimentos à graças recebidas, atitudes comuns nesses casos.
– Que pessoa, pessoas, entidades, tiveram a iniciativa de depositar os restos de Maria Pequena na Catedral? Recolhe-la teria sido uma ação isolada de um pároco? Teria poder para tal?
Já estava prestes a encerrar quando recebi de Paulo Monteiro, instigado a falar sobre o assunto, texto que me deu mais combustível para considerações na mesma linha.  “A ‘elite’ da cidade, herdeira dos pica-paus, não via com bons olhos o culto a uma santa degolada, por um piquete de federalistas... tanto isso é verdade que alguns faziam passar a ideia de que ela era uma prostituta, o que não era verdade”.
Hipótese novamente:
– A população em geral, não discriminava a Santa em função de facção política. E com o transcorrer do tempo, animosidades teriam sido absorvidas, e contestações mais profundas partiriam das “elites”.
Ainda sobre o tema, olhem só o que o escritor me presenteou depois dos comentários acima, e que registro sem preocupação de encaixe no texto, mas precioso demais para dormir na memória de meu computador.
Compartilho, pois:
“Agora, imagina a seguinte situação: A ‘elite’ republicana era formada por descendentes de homens que massacravam os índios para tomarem suas terras. Tanto que o primeiro aldeamento (depois reserva) indígena do Rio Grande do Sul (Nonoai) surgiu no município de Passo Fundo. Uma ‘bugrinha’, uma ‘china’, filho de branco e índia, é degolada e transformada em santa popular. E se a reunião em torno dessa ‘bugrinha’ se transforma num movimento de contestação à ‘elite’. Enquanto os ‘capitães’, ‘majores’, e ‘coronéis’ republicanos enciumados de suas mulheres, mandaram degolar o próprio Padre Ramos, Maria Pequena era santificada pelo povo. E olha que vivíamos numa sociedade racista. Os negros, os índios, e os mestiços eram considerados “raças inferiores”. Essa era a ideologia da época. É claro que precisavam desmoralizar a pessoa da Maria Pequena, para enfraquecer e destruir o seu culto”.
Perceberam situações entrelaçadas, consequentes.
À medida que avançava no tema, furungando suas nuances, recebendo do escritor valiosas contribuições através de sua fala escrita e pensante, e, pasmem, da própria Maria Pequena clamando “estou aqui! estou aqui!”, pedindo passagem na história, caminhei nas linhas mais do que pretendia inicialmente.
Quando que aquela bugra, índia, pobre, mas nossa, vitimada por facínoras a beira de um arroio iria imaginar que inspiraria culto, contestações, pesquisas, estudos, polêmicas, talvez, e que teria a capacidade de estar viva depois de morta?!
Vitimada não foi só ela. Parte de nossa história também. Enfim...
Bem, agora sim encerro, certamente não por falta de fatos novos.  Fica, aqui, um apelo, no sentido de resgatar a memória da corajosa Maria Pequena, até aqui então, defendida de forma solitária pelo historiador Paulo Monteiro, não pela sua “santidade”, mas pela que representa na história de nosso município.
Homenagens, deferências, atribuíram-se a tantas outras figuras desse entorno histórico.  Discutíveis.
Por que não à grande Maria Pequena?!
Como? Não sei. Tu sabes? 

Autor: Miguel A. Guggiana
Ilustração: Leandro Doro

terça-feira, 1 de maio de 2012

É a Cara do Pai!

                                                                      Torresmeiras  eram sempre presentes no dia a dia dos imigrantes,
                                         italianos e alemães  e simbolizavam  a preocupação com o aproveitamento integral da carne suína e seus sub produtos.
                                                                                                    Fabricação estimada como sendo na década de 40.

Natal de 2011, meu filho Oscar disse que já tinha escolhido meu presente.
Pai, é tua cara”.
Bati os olhos e disse, é o próprio”, confirmou sua cúmplice, Juliana.                 
Quando fui visitá-los em Santa Cruz do Sul,  recebi o prometido.
Entre estupefato pela ilação  entre objeto presenteado e receptor, eu,  entusiasmado vendo uma preciosidade daquelas,  relevei  a comparação, creditando-a  a uma simbologia de linguagem.
Traduzi a expressão como sendo uma mensagem de carinho.
Hoje , admirando a peça, aqui entre nós, não posso negar, admito; “é a minha cara”.
Uma  rara torresmeira de meu tempo de infância!
Mas mesmo reconhecendo a  mensagem carinhosa nas entrelinhas, ficou lá no fundo um quezinho ; “a cara do pai”. E tinha que ser uma torresmeira!  Uma torresmeiraaaaaaaaa!!!!
Requer uma contrapartida!
Fui me socorrer com  Ivon Cury, que lá pelos anos de 1950 fez sucesso nas rádios, como cantor e compositor, e achei  na letra de uma de suas músicas, a medida certa para uma vingança afetuosa.
A partir daquele achado pensei; se pareço uma torresmeira, se meu filho se parece comigo, ele tem alguns traços da dita cuja, portanto... nós três temos algo em comum. A cara do pai.
A cara do pai
De tanto trabalho
O seu nascimento
E foi um tormento
Um Deus nos acuda
A mãe aflita
Todo mundo ajuda
No fim ele sai
A cara do pai

E prá mãe coitada
Tão sacrificada
Não há elogio
Todo mundo vai
Dizendo baixinho
“Mas que bonitinho
Está tão gordinho,
É a cara do pai”
e por aí vai........
Ouça....
 











Autor: Miguel A. Guggiana
Ilustraçao: Mauricio Cartunista

terça-feira, 17 de abril de 2012

O Rei dos Rádios.

Recebemos de Luiz Carlos Vieira, ligado à Soc. Passofundense de Antiguidades, leitor deste blog e apreciador de rádios antigos, a imagem de um,  de seu acervo, que compartilhamos.

Trata-se de um flamante Rádio Philco, Modelo B 471, fabricado pela Philco Rádio e Televisão Ltda. Em sua época áurea recebeu o apelido de o Rei dos Rádios.

Este rádio, portátil, transistor, Super Transglobe, foi fabricado em julho de 1979, portanto há mais de 30 (trinta) anos, estando em ótimo estado de conservação e funcionamento, o que demonstra os cuidados recebidos durante todo esse tempo.

A existência de seu Manual de Instruções valoriza-o mais ainda.

Temos ainda, Alceu Wamosy, poeta uruguaianense, (1895-1923), através de sua poesia, Duas Almas;

Duas Almas - Alceu Wamosy


Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada...
.
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
.
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
.
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...


E para encerrar, convidamos  Doris Day, escute...........











Autor: Miguel Augusto Guggiana

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A volta da Chiquitita


Pois é! A “chiquitita” voltou para se apresentar agora, restaurada, e no seu devido lugar, de destaque, como tinha prometido no texto colocado em fevereiro sob o título “Chiquitita pero cumplidora”.
Trata-se de uma  pequena plantadeira e adubadeira de tração animal, fabricada pelos Irmãos Fankhauser Ltda, de Tuparendi/RS,  lá pelo ano de 1961, perfeita  em sua funcionalidade, muito embora sua mecânica rudimentar, nada em demasia, o que a função requer, e nada mais.  

Enfim, pequena, porém eficiente!
Foram transcorridos ao redor de 08 (oito) meses desde seu resgate no interior de Ronda Alta por Pedro “Fogão”, um estágio em sua “loja”, transporte até Passo Fundo, hospedagem na oficina do Mario Borréa, até considerá-la pronta para posar para o retratista, como vemos.
O cuidado do restaurador fica evidenciado nas imagens. Completamente desmontada, lixada, lubrificada, pintada, visando sempre manter suas características originais.
Estaria pronta para voltar ao trabalho, mas não seria justo pelos serviços prestados, e para quem foi testemunha de tanta história na evolução de nossa agricultura.
Fica melhor no pódium.




Música; Guri com César Passarinho








Autor: Miguel A. Guggiana

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mulher só

                      Julio Perez

O poema que inspirou a crônica “À sombra do poeta”
confunde-se com  outros, do mesmo livro,
ao compor  o texto. Justo, então, apresentá-lo,
em sua íntegra, de forma isolada,
para que possamos apreciá-lo.
Sem dúvida, mulher só, em um shopping,
na praça de alimentação, é uma figura que
compõe bem o ambiente, não oferecendo
o constrangimento de um bar.
Isto, contudo, não impede que chame atenção,
se bem que, suponho, é exatamente o que deseja.
O cartunista passofundense Mauricio Zamprogna,
identificou uma delas, destacando- se na “balbúrdia”.
Retratou com muita sensibilidade a bela solitária,
enviando seu trabalho para este blog,
o que compartilho com vocês.
Mauricio conta que optou por um desenho leve,
assim como o poema. Continua dizendo;
“deixando o foco na mulher. Esta, por sua vez,
retratada de forma reflexiva, que nos leva a imaginar
no que ela estaria pensando na sua solidão”.
Mais, não conta, embora tenha deixado,
consciente ou inconsciente,
uma cadeira vazia junto à mesa.
Fica a dúvida. Quem a ocupou? Um amigo.
 Algum inconveniente. O jovem artista.
Mistério.

Mulher de 40 - Roberto Carlos
http://www.youtube.com/watch?v=cRMmd1uuHhU














Autor: Miguel Guggiana
Ilustração: iciopz@bol.com.br

sábado, 7 de abril de 2012

À sombra do poeta


Passeando no livro de poemas, Fugaz Idade,
 detive-me em um deles, especialmente,
Mulher só, que fala de uma, 
na mesa de um bar, em um schopping.
Determinei-me a interferir no seu destino,
 com a cumplicidade do autor,
 buscando como caminho para isso sua própria obra.
 Encontrei--o na riqueza de seus poemas,
 escritos em épocas distintas e
certamente em fases de diferentes inspirações, 
que traduzi em uma crônica, “colando”, simplesmente,
alguns em sua totalidade,  outros,  fragmentos.  
O poema que finaliza, Começos, não define o desfecho, sutilmente,
 coloca ao arbítrio  de cada leitor o enfoque que queiram dar;
“ bonito, doloroso  ou  indiferente”. Decida!





À Sombra do Poeta

 Fim de tarde horrível, contudo, conseguiu chegar são e salvo. Mau tempo e trânsito infernais. Agora, devidamente instalado, olhava pela janela a Avenida Sete.  Com o tempo assim sentia-se melancólico. Evocava o poeta: “A chuva é triste como minha alma; chora por dentro. Cai como uma prece no coração de Deus que se esquece dos pedidos que lhe fiz”. Lamentava a solidão: “Todos os telefones para os quais liguei estavam ocupados, usuários não encontrados, meus amigos tinham outros compromissos. Todos os telefones para os quais liguei não me deram a resposta que eu esperava – Ok, vamos tomar aquele chope! É sexta-feira. A semana acabou. Sobrevivi! E não  há ninguém com quem eu possa dividir esse momento. Mulher e filhos não contam. Eles são suspeitos; vivem de mim. Os amigos ou a amante que eu queria não existem, estão ocupados ou simplesmente não foram encontrados. Sexta-feira, embriagar-se, às vezes é inevitável”. 
Sorumbático, pensava: “Já não estou mais acostumado como antes a andar sozinho. Já não tenho – como antes – os sonhos que me serviam de companhia.” E de novo lhe ocorria: “Quando eu tinha todo tempo do mundo a meu favor podia fazer com ele o que bem entendesse. Hoje quando o tempo escasseia para mim já não posso dar-me ao sabor de fazer com ele o que bem entender. Vai me faltar se dele abusar e a vida escorrerá por minhas mãos. Já não posso dar vazão a toda sorte de experimentação. Cabe-me ser preciso, objetivo e assertivo nos meus propósitos de ser. De outra sorte hei de morrer antes de viver – antes de ter vivido.”

Foi quando a viu, solitária, destacando-se na balbúrdia. Quem sabe Deus não o havia esquecido?!  Atenderia seu pedido?!  Não seria ela o motivo para deixar de andar sozinho? Um sonho vivo a lhe fazer companhia, nesta sexta-feira. Redenção das suas vicissitudes.

“Mulher só na mesa do bar – na verdade não na de um bar mas na desse fenômeno moderno chamado shopping, praça da alimentação. Então, mulher só na mesa de um lugar público não tens do que te constranger.

Relaxe e aproveite a solidão, o chá, o café, o chope, seja o que pediste. Faz parte de nossa condição de homens e mulheres, estarmos sós às vezes na mesa de um bar, shopping, praça da alimentação. Nenhum homem a quer? Ninguém está pensando nisso. Não tem amigos? Há homens que também não os têm. Tem medo dos inconvenientes? Não existem mais homens tão ousados. Mulher só na mesa de bar – vou chamar assim, soa melhor -, não tens do que te envergonhar”.   
Arriscaria ele ser um desses inconvenientes?
Cometeria a  loucura, antes que outro louco? O outro que outras loucuras podia?
Levantou-se da mesa, se encheu de coragem e pensou:  “Não tenho mais medo; 40 anos não são como 20. E embora tenha perdido um tanto/muito da vida nisso nunca é tarde para descobrir; é possível ser feliz.” 
Não perderia mais tempo.  Aproximou-se da moça gentil que lhe... “sorriu, sorriu, sorriu/como um rio, um rio, um rio, um rio que corre pro mar, o mar, o mar, o mar. Para amar, amar, amar, amar. Foi o que sentiu, sentiu, sentiu, sentiu...”

“ - Tá esperando alguém?
- Não.
- Senta aqui, tomar uma cerveja comigo.
-É que eu já tô de saída.
- Não tem problema. Quando for pra tu sair, tu sai igual.
E assim começa a conversa que pode ser o inicio de uma nova história de amor, entre um homem e uma mulher. Uma história que pode ter um desfecho bonito, doloroso ou indiferente, ou se estender ao infinito, através das gerações que vão surgir.
http://www.youtube.com/watch?v=LguXr6Zl-ZU&ob=av2e
O imponderável da vida e o aleatório das coisas – como elas acontecem, assim se revelam.
É só começar.”







Autor: Miguel Guggiana.
Ilustração: Leandro Dóro 

Poemas extraídos do livro Fugaz Idade, de Júlio Perez.  Ed. Berthier, Passo Fundo, 2010.

domingo, 1 de abril de 2012

Bicicleta Monark Brisa

Bicicleta Monark Brisa

A Monark Brisa foi concebida para concorrer com a Caloil  Ceci, até então sua maior concorrente, e, que juntas, dominavam 95 % do mercado brasileiro.
 


O CICLISTA 
Alexandre O’Neill
O homem que pedala, que ped'alma
com o passado a tiracolo,
ao ar vivaz abre as narinas :
tem o por vir na pedaleira






Fabricada pela Monark, tornou-se muito popular no Brasil, buscando a preferência do público feminino.

Esta foi adquirida da Casa Boa Troca, do Hermínio “Português”, em Passo Fundo/RS. 




Não apresentava bom estado, em função do tempo “estocada” na loja, sem movimentação,  o que facilitou o surgimento de ferrugem, ranhuras na pintura,  e travamento de suas funções.No entanto,  neutralizando essas condições, apresentava 100% de originalidade, o que a valoriza.








No processo de restauração, Pinga Boni, manteve a pintura original, deixando visível as imperfeições naturais  decorrentes do tempo, cuidando para que não evoluam.  



  

 

Recuperou  também rodas e aros, limpou e  lubrificou rolamentos e engrenagens. Única alteração na sua originalidade foi troca de pneus.

Tudo isso requereu paciência e habilidade, mas valeu a pena pelo resultado final.




 

Ouça a música "A Bicicleta": 






Autor: Miguel Augusto Guggiana