terça-feira, 24 de julho de 2012

ZILOMAG – A marca da qualidade



 Rádio ZILOMAG modelo ET 635 - 1958 - Doação dos amigos Airton e Ellen Bier.
“A marca da qualidade”, essa era a chamada publicitária difundida na época referente ao Rádio ZILOMAG.
Fabricado pela ZILOMAG S/A Indústria Eletronica – Rua Martiniano de Carvalho, 270, São Paulo, SP, este modelo ET-635 com transistor silicon alardeava seu consumo econômico, inferior a 1/5 do rádio com válvulas.


O rádio foi recebido nesse estado, passando sòmente por uma revisão no que corresponde ao seu funcionamento.

Nossa convidada de hoje....Connie Francis  Siboney



Autor: Miguel Guggiana

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Máquina de escrever UNDERWOOD

Olha aí a bonitona na mídia! Foi notícia no jornal deste sábado.

Referência: K 57853  G1 958615

Esta máquina UNDERWOOD, modelo Champion, fabricada pela UNDERWOOD Corporation – USA -, foi adquirida por um preço bem “em conta”, e deu um bom trabalho para deixa-la nesse estado que estamos visualizando.

 Década de 40
Quem a vê aí, bonitona, posando pro retratista não imagina o que “apareceu” a medida que se avançava na restauração.



A ferrugem estava tomando conta das partes laterais. O restaurador, Pinga Boni, virou-a do avesso, lixando-a, lavando-a com querosene, e passando uma mão de verniz nas laterais internas.



 A corrosão  não chegou a afetar os mecanismos de funcionamento.


 Olha só o que saiu..........




                           


Escute só essa música...    
http://www.youtube.com/watch?v=lmrW3VW0cXw







Autor: Miguel Guggiana

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Barraco na sede do blog...



Voces não imaginam o barraco que o Julio aprontou lá na sede deste blog. Encontrou-se com o Nat e discutiram quem cantava ‘El Choclo” melhor, e exigindo... exigindo...  tratamento igual ao dispensado ao cantor americano. Lembro que na postagem de junho, ‘Meu primeiro Gradiente” o Nat foi a atração principal.
Ainda bem que o Icio, O Cartunista estava junto e ajudou a acomodar as coisas e registrar o entrevero.
Briga de beleza.  Bahhhhhhh!
Com vocês Julio Iglesias cantando ”El Choclo”.  Quem é o melhor?


Bem, apresento-lhes um ventilador MARTAU que foi negociado com o Hermínio “Portugues”, da Casa da Boa Troca aqui de Passo Fundo.




Este ventilador foi fabricado pela MARTAU S/A Indústria e Comércio, de Cahoeirinha/RS.


Ando atrás da informação do ano de sua fabricação.


 

















 Eram utilizados principalmente em escritórios, como nos revela a "plaqueta do patrimônio" visualizada e que podemos identificar como pertencente a empresa RJ Reynolds.






  Esta imagem nos indica o estado em que se encontrava a peça, exigindo do restaurador Pinga Bone bastante habilidade. Valeu a pena!



Autor: Miguel Guggiana
Ilustração: Ício, o cartunista


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Relógio de mesa VOGA



Valorizo muito este relógio que vocês estão vendo aí esbanjando beleza no retrato. É evidente que seu valor como antiguidade contribui para esse meu reconhecimento, mas muito mais importante é o fato de te-lo recebido de presente de um amigo, Sr. Eloy Sobiesiak, que identificou em mim uma pessoa que cuidaria com carinho do mesmo.
Refere o Sr. Eloy que o relógio lhe chegou às mãos através de um terceiro lá pelo ano de 1953. Conta bem humorado que presenteou-o  à sua noiva na  época ,Elza ,mais tarde sua esposa, causando um grande estropício na casa; registrava sua presença de quinze em quinze minutos, num estridente dim! dom! dim! dom! dim! dom!
A sesta de cunhado ... da sogra... do sogro... À exceção da jovem Elza, todos queriam o “couro”do Eloy!
A estrutura do gritão está intacta, funcionamento perfeito, atestando a qualidade daquilo que se fabricava naqueles idos tempos, condições que somados aos cuidados de seus proprietários resultaram em um relógio conservadíssimo. Até hoje faz dim dom! dim! dom! Bah...



Pena, mas não consegui informações a respeito do fabricante. Na parte interna do relógio consta o seguinte; “ Indústria de Móveis Século XX Ltda – Rua Juvenal Parada, 31 – tel 9.3366 –São Paulo”.

Para um relógio especial, uma música especial...




Autor: Miguel Guggiana




quinta-feira, 5 de julho de 2012

Capricho de professora!




Esta máquina de costurar foi recebida como presente da Professora Marilene Gavioli,  mestra “das antigas”, em que disciplina, comprometimento e capricho naquilo que fazia éram marcas do dia a dia. Ah! Do tempo em que o quadro negro era preto e não verde. Esta valente Elgin conviveu com a Professora Marilene desde sua fabricacão, em 23.07.1972 até esta data, portanto, quase 42 (quarenta e dois) anos de parceria, e não obstante esse longo período, certamente de muito trabalho, apresenta-se em plena forma tanto na sua aparência quanto no seu funcionamento.
Sem dúvidas personifica o tratamento recebido.

Como testemunho dessas qualificações transferidas no trato de sua velha companheira acompanhou a Elgin, nada mais, nada menos, que o Manual de Instruções. Capricho de professora!


 A ELGIN SA foi fundada em 1952, com capital genuinamente nacional, tendo inicialmente concentrado sua atividade na fabricação de máquinas de costura.



O nome ELGIN ainda é associado à maquina de costurar, muito embora, ao longo do tempo tenha diversificado sua linha de produção.
Que coincidência! O Benito ta aqui no estúdio do  Blog tomando um licor de casca de bergamota. Dá uma canja prá nós...




Autor: Miguel Guggiana

domingo, 1 de julho de 2012

“O Bar do Moa morreu...”






Quem leu “Coisa de bar. Estória” referenciando o Bar que existia ali na Moron com a Benjamim Constant e que hoje está “quase demolido” dê os devidos descontos, pois viajei muito no texto. A única coisa real e que inspirou o escrivinhador foi o luminoso da Antarctica e a estrutura física do prédio.

O resto, o drama do garçom, a arquitetura do local, as músicas “dor de cotovelo”, os frequentadores, a mobília, Maysa cantando com seus olhos verdes, os pinguins do luminoso da Antarctica, inseguros quanto ao seu destino, o ambiente enfumaçado, aquele perfume latente no ar, as vozes tristes, entrecortadas, clamando “Garçom, a saideira!”, tudo isso, foi fruto de minha imaginação.

Mas, tem gente, que frequentou o Bar de verdade, que existiu naquele mesmo local, juram que tudo aquilo poderia ter existido.  Este, o verdadeiro, chamava-se “Bar do Moa”. Reinou como “point da tardinha” passofundense por bem mais de uma década, mais ou menos, no entrevero dos anos 1970, talvez até 1985. Talvez mais. Ou mais ou menos isso.  Cronologia matemática em se tratando de bar nunca vai existir. E nem deve. Fica na penumbra.

Abrigava ocupados, desocupados, turmas das mais variadas e solitários tristes, nas mesas de seu interior, e nas da frente, dispostas na calçada. Mesas de bar, ah! Como são valorizadas nesse ambiente etílico!... Escutem Reginaldo Rossi cantando “Garçom! Aqui! Nessa mesa de...” e o poeta Julio Perez poetando” Onde antes havia – alguém – agora só restos; tocos de cigarro, copos vazios. Onde antes havia – vida – agora; uma mesa de bar”. Estilos diferentes, contemporaneidade distintas, mas ambos, valorizando o tema, através da poesia.

Falava em mesas. Em turmas. Em tristes. As da calçada e mais próximas à porta eram disputadas pela turma dos moronboys, dos jóia e dos punks, entre outras. Imaginem-nas inundadas de garrafas, copos cheios, seus ocupantes trucidando cantoria e conversa alta. As do fundo, no fundão, lugar mais úmido, sombrio, quente, frio, silêncio de igreja, eram destinadas aos tristes. Vazias, quando muito um copo zanzando com uma purinha, com um triste ali, só, mas feliz por estar triste. E não gostavam de companhia. Alguém já viu um grupo de tristes juntos?  O triste é um solitário.

Estas mesmas testemunhas que me conduziram, através de depoimentos, a pintar o quadro inicial, fizeram uma analogia entre o verdadeiro e o real. Pouca discordância.

Uma delas foi quanto à entrada de refrigerante no ambiente. Naquele imaginado não se permitia. No do Moa, consumiam sim.  Mas para misturar à cachaça compondo o velho “samba” ou para adicionar ao uísque, embalando a composição “são dois prá dois prá cá” regada a uísque com guaraná. Claro, com a Maysa. Fora disso, não mesmo.

De resto unanimidade.  A mais significativa era que o Bar do Moa, o real, tal qual o sonhado, fora uma bar de verdade. Dos antigos. Com todas as qualificações de um bar que se preze principalmente a que se refere à aura do lugar, que não se cria por decreto, ou carrega na compra do ponto, mas se cristaliza do nada.  E esta marca, subjetiva, não se restringia àquele local ou limitava ao incerto horário de seu encerramento, mas se estendia para seu exterior, carregada nas relações ali compactuadas, pelas turmas ou pelos tristes.  Elas envolviam amor, paixão, dor de cotovelo, traições, conversa fiada... Essas coisas que só um bar de primeira patrocina.

O passofundense Ricardo Camargo, certamente associado à da turma da calçada, inspirado na sua própria vivência, compôs uma música intitulada “No bar do Moa”, que nos dá bem uma idéia de sua representatividade no contexto e do espírito do lugar, na época:
Saio às 6 horas no meu tranco
E desço a Rua Moron, Moron, Moron, Moron,
E lá no Bar do Moa encontro a turma
Do bom, do bom, do bom,
Do bom papo e da cachaça e a moçada
Bebe mais e mais, e mais...”,  e por aí segue destilando melodia.

Mas, ainda existe ainda alguma coisa por lá.

Pegue carona na música, desça a Moron, no tranco, pare em frente. Entre. Tapumes não serão impeditivos. Na medida em que passar a linha tênue entre a calçada e o ambiente interno daquele outrora templo, os trinados daquela música vão ficando ao longe, ao longe, ao longe, e outro som, aos poucos, suavemente vai tomando conta. Olhe para os lados, muita gente, milhares, todos cantando. E a orquestra, completa, com seus artistas vestidos a caráter, de fraque, em pleno sol, sob a regência de Nicollo Paganini, atacando de “Tango pra Teresa”.

Trágico e triste como tem que ser. E como só um tango sabe.

De repente, o maestro, encerra a música, enxuga as lágrimas e abandonando sua postura sonhadora, assume a de um comandante, travestindo-se do mais disciplinador dos militares, talvez um SS de gema, e com o olhar transfigurado, quase belicioso, determina que todos juntos às suas mesas, perfilem-se, e num uníssono, sob seu comando, levantem os punhos, cerrados, e bradem: “Garçom, a saideira!”

E num passe de mágica, como o Bar do Moa, que exteriorizava emoções, este som  se multiplica, toma corpo, transfere  o pranto  para o céu, e induz, a que em todos os botecos, bares, cabarés, puteiros, do mais fino ao mais decadente, de todos os rincões, através de seus filhos, adotem naquele mesmo momento, idêntica postura respeitosa e repitam o mesmo gesto, bradando: “Garçom, a saideira!” Num efeito dominó.

Em Francês. Em inglês. Em russo. Em iídiche. Em esperanto. Em espanhol. Em...

E se propaga... E se propaga...  Pelo mundo afora. E bradam... E bradam... Pelo mundo afora.

E os pinguins, os dois, não aguentando ao estropício, sucumbem, e abraçados, caem de seu pedestal, lugar de honra na derradeira cerimônia.  Em cima de uma mesa de bar.

Morrem as únicas testemunhas dessa loucura!

O bar do Moa também.

P.Q.P. Não digo! Coisa de bar.
























Autor: Miguel Augusto Guggiana
Ilustração: Leandro Doro