terça-feira, 17 de abril de 2012

O Rei dos Rádios.

Recebemos de Luiz Carlos Vieira, ligado à Soc. Passofundense de Antiguidades, leitor deste blog e apreciador de rádios antigos, a imagem de um,  de seu acervo, que compartilhamos.

Trata-se de um flamante Rádio Philco, Modelo B 471, fabricado pela Philco Rádio e Televisão Ltda. Em sua época áurea recebeu o apelido de o Rei dos Rádios.

Este rádio, portátil, transistor, Super Transglobe, foi fabricado em julho de 1979, portanto há mais de 30 (trinta) anos, estando em ótimo estado de conservação e funcionamento, o que demonstra os cuidados recebidos durante todo esse tempo.

A existência de seu Manual de Instruções valoriza-o mais ainda.

Temos ainda, Alceu Wamosy, poeta uruguaianense, (1895-1923), através de sua poesia, Duas Almas;

Duas Almas - Alceu Wamosy


Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada...
.
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
.
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!
.
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Hás de levar contigo uma saudade minha...


E para encerrar, convidamos  Doris Day, escute...........











Autor: Miguel Augusto Guggiana

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A volta da Chiquitita


Pois é! A “chiquitita” voltou para se apresentar agora, restaurada, e no seu devido lugar, de destaque, como tinha prometido no texto colocado em fevereiro sob o título “Chiquitita pero cumplidora”.
Trata-se de uma  pequena plantadeira e adubadeira de tração animal, fabricada pelos Irmãos Fankhauser Ltda, de Tuparendi/RS,  lá pelo ano de 1961, perfeita  em sua funcionalidade, muito embora sua mecânica rudimentar, nada em demasia, o que a função requer, e nada mais.  

Enfim, pequena, porém eficiente!
Foram transcorridos ao redor de 08 (oito) meses desde seu resgate no interior de Ronda Alta por Pedro “Fogão”, um estágio em sua “loja”, transporte até Passo Fundo, hospedagem na oficina do Mario Borréa, até considerá-la pronta para posar para o retratista, como vemos.
O cuidado do restaurador fica evidenciado nas imagens. Completamente desmontada, lixada, lubrificada, pintada, visando sempre manter suas características originais.
Estaria pronta para voltar ao trabalho, mas não seria justo pelos serviços prestados, e para quem foi testemunha de tanta história na evolução de nossa agricultura.
Fica melhor no pódium.




Música; Guri com César Passarinho








Autor: Miguel A. Guggiana

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mulher só

                      Julio Perez

O poema que inspirou a crônica “À sombra do poeta”
confunde-se com  outros, do mesmo livro,
ao compor  o texto. Justo, então, apresentá-lo,
em sua íntegra, de forma isolada,
para que possamos apreciá-lo.
Sem dúvida, mulher só, em um shopping,
na praça de alimentação, é uma figura que
compõe bem o ambiente, não oferecendo
o constrangimento de um bar.
Isto, contudo, não impede que chame atenção,
se bem que, suponho, é exatamente o que deseja.
O cartunista passofundense Mauricio Zamprogna,
identificou uma delas, destacando- se na “balbúrdia”.
Retratou com muita sensibilidade a bela solitária,
enviando seu trabalho para este blog,
o que compartilho com vocês.
Mauricio conta que optou por um desenho leve,
assim como o poema. Continua dizendo;
“deixando o foco na mulher. Esta, por sua vez,
retratada de forma reflexiva, que nos leva a imaginar
no que ela estaria pensando na sua solidão”.
Mais, não conta, embora tenha deixado,
consciente ou inconsciente,
uma cadeira vazia junto à mesa.
Fica a dúvida. Quem a ocupou? Um amigo.
 Algum inconveniente. O jovem artista.
Mistério.

Mulher de 40 - Roberto Carlos
http://www.youtube.com/watch?v=cRMmd1uuHhU














Autor: Miguel Guggiana
Ilustração: iciopz@bol.com.br

sábado, 7 de abril de 2012

À sombra do poeta


Passeando no livro de poemas, Fugaz Idade,
 detive-me em um deles, especialmente,
Mulher só, que fala de uma, 
na mesa de um bar, em um schopping.
Determinei-me a interferir no seu destino,
 com a cumplicidade do autor,
 buscando como caminho para isso sua própria obra.
 Encontrei--o na riqueza de seus poemas,
 escritos em épocas distintas e
certamente em fases de diferentes inspirações, 
que traduzi em uma crônica, “colando”, simplesmente,
alguns em sua totalidade,  outros,  fragmentos.  
O poema que finaliza, Começos, não define o desfecho, sutilmente,
 coloca ao arbítrio  de cada leitor o enfoque que queiram dar;
“ bonito, doloroso  ou  indiferente”. Decida!





À Sombra do Poeta

 Fim de tarde horrível, contudo, conseguiu chegar são e salvo. Mau tempo e trânsito infernais. Agora, devidamente instalado, olhava pela janela a Avenida Sete.  Com o tempo assim sentia-se melancólico. Evocava o poeta: “A chuva é triste como minha alma; chora por dentro. Cai como uma prece no coração de Deus que se esquece dos pedidos que lhe fiz”. Lamentava a solidão: “Todos os telefones para os quais liguei estavam ocupados, usuários não encontrados, meus amigos tinham outros compromissos. Todos os telefones para os quais liguei não me deram a resposta que eu esperava – Ok, vamos tomar aquele chope! É sexta-feira. A semana acabou. Sobrevivi! E não  há ninguém com quem eu possa dividir esse momento. Mulher e filhos não contam. Eles são suspeitos; vivem de mim. Os amigos ou a amante que eu queria não existem, estão ocupados ou simplesmente não foram encontrados. Sexta-feira, embriagar-se, às vezes é inevitável”. 
Sorumbático, pensava: “Já não estou mais acostumado como antes a andar sozinho. Já não tenho – como antes – os sonhos que me serviam de companhia.” E de novo lhe ocorria: “Quando eu tinha todo tempo do mundo a meu favor podia fazer com ele o que bem entendesse. Hoje quando o tempo escasseia para mim já não posso dar-me ao sabor de fazer com ele o que bem entender. Vai me faltar se dele abusar e a vida escorrerá por minhas mãos. Já não posso dar vazão a toda sorte de experimentação. Cabe-me ser preciso, objetivo e assertivo nos meus propósitos de ser. De outra sorte hei de morrer antes de viver – antes de ter vivido.”

Foi quando a viu, solitária, destacando-se na balbúrdia. Quem sabe Deus não o havia esquecido?!  Atenderia seu pedido?!  Não seria ela o motivo para deixar de andar sozinho? Um sonho vivo a lhe fazer companhia, nesta sexta-feira. Redenção das suas vicissitudes.

“Mulher só na mesa do bar – na verdade não na de um bar mas na desse fenômeno moderno chamado shopping, praça da alimentação. Então, mulher só na mesa de um lugar público não tens do que te constranger.

Relaxe e aproveite a solidão, o chá, o café, o chope, seja o que pediste. Faz parte de nossa condição de homens e mulheres, estarmos sós às vezes na mesa de um bar, shopping, praça da alimentação. Nenhum homem a quer? Ninguém está pensando nisso. Não tem amigos? Há homens que também não os têm. Tem medo dos inconvenientes? Não existem mais homens tão ousados. Mulher só na mesa de bar – vou chamar assim, soa melhor -, não tens do que te envergonhar”.   
Arriscaria ele ser um desses inconvenientes?
Cometeria a  loucura, antes que outro louco? O outro que outras loucuras podia?
Levantou-se da mesa, se encheu de coragem e pensou:  “Não tenho mais medo; 40 anos não são como 20. E embora tenha perdido um tanto/muito da vida nisso nunca é tarde para descobrir; é possível ser feliz.” 
Não perderia mais tempo.  Aproximou-se da moça gentil que lhe... “sorriu, sorriu, sorriu/como um rio, um rio, um rio, um rio que corre pro mar, o mar, o mar, o mar. Para amar, amar, amar, amar. Foi o que sentiu, sentiu, sentiu, sentiu...”

“ - Tá esperando alguém?
- Não.
- Senta aqui, tomar uma cerveja comigo.
-É que eu já tô de saída.
- Não tem problema. Quando for pra tu sair, tu sai igual.
E assim começa a conversa que pode ser o inicio de uma nova história de amor, entre um homem e uma mulher. Uma história que pode ter um desfecho bonito, doloroso ou indiferente, ou se estender ao infinito, através das gerações que vão surgir.
http://www.youtube.com/watch?v=LguXr6Zl-ZU&ob=av2e
O imponderável da vida e o aleatório das coisas – como elas acontecem, assim se revelam.
É só começar.”







Autor: Miguel Guggiana.
Ilustração: Leandro Dóro 

Poemas extraídos do livro Fugaz Idade, de Júlio Perez.  Ed. Berthier, Passo Fundo, 2010.

domingo, 1 de abril de 2012

Bicicleta Monark Brisa

Bicicleta Monark Brisa

A Monark Brisa foi concebida para concorrer com a Caloil  Ceci, até então sua maior concorrente, e, que juntas, dominavam 95 % do mercado brasileiro.
 


O CICLISTA 
Alexandre O’Neill
O homem que pedala, que ped'alma
com o passado a tiracolo,
ao ar vivaz abre as narinas :
tem o por vir na pedaleira






Fabricada pela Monark, tornou-se muito popular no Brasil, buscando a preferência do público feminino.

Esta foi adquirida da Casa Boa Troca, do Hermínio “Português”, em Passo Fundo/RS. 




Não apresentava bom estado, em função do tempo “estocada” na loja, sem movimentação,  o que facilitou o surgimento de ferrugem, ranhuras na pintura,  e travamento de suas funções.No entanto,  neutralizando essas condições, apresentava 100% de originalidade, o que a valoriza.








No processo de restauração, Pinga Boni, manteve a pintura original, deixando visível as imperfeições naturais  decorrentes do tempo, cuidando para que não evoluam.  



  

 

Recuperou  também rodas e aros, limpou e  lubrificou rolamentos e engrenagens. Única alteração na sua originalidade foi troca de pneus.

Tudo isso requereu paciência e habilidade, mas valeu a pena pelo resultado final.




 

Ouça a música "A Bicicleta": 






Autor: Miguel Augusto Guggiana