quarta-feira, 12 de junho de 2013

Abajour antigo – década de 50




     Esse abajour, posando pro retratista aí em cima, consegui com um amigo colecionador.     
     Troquei-o por  uma máquina de costura SINGER, antigona, em perfeito estado. Foi um bom  negócio para os dois.
     Pela história recolhida e alguma pesquisa a respeito  posso arriscar que seja da década de 50. O fio e o enchufe/plug atestam sua originalidade.
     Sabem quem é a convidada deste espaço. Nada mais nada menos do que Nubia Lafayatte, que teve sucesso na mesma época de nosso destaque de hoje.

     Escutem....  Fracasso



     E de lambuja, vejam só... vejam só... um poema de Marlene Kremer, poetisa passofundense;




 DESCOLORINDO FLORES
                                                                                                             
Tua ausência, amado, tem efeito
De frio
Aqui em mim
 Um gelo glacial
Invadiu-me... Tormento arredio
Desigual
...afins errantes - sabias?
E por ser visto como desleal
O abandono
O “mal” que enviaste de si, a mim
Consumiu-me em noites sem sono.
Informal, preenche-me os dias vazios
Discreto amargor
...enquanto
Sob o olhar curioso do outono
Condenas bromélias – matizes do nosso jardim
A murchar muito antes da vinda dos frios

               [morta a flor.
[arrepios.

Noites gélidas, Amor,
Pedem algo mais que um modesto cobertor.
                     
                                                  M. Hellen Loppez

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Namoro naquele tempo era assim...






Hoje não vou contar causo nenhum. Quero estar só nesta mesa de Bar pensando alto.   Faz bem. Se escutarem esta conversa introspectiva me digam: tenho ou não tenho razão?!


Namoro bom era o das antigas. Era assim naquele tempo, lembro...
Com a prima
Do flerte com a vizinha
Do beijo apurado
Do beijo no portão
Do beijo roubado
Do beijo com açúcar, então
Do footing na praça
Pego ou não pego na mão? Que dúvida atroz!
Como as coisas mudaram...
Meninas lindas, na melhor idade
Cabelos curtos, longos, em coque ninho
Rabo de cavalo, moda de gatinho... não importa, sedosos
De sapatinhos de dourada fivela, humm...
Quando pisavam, suspiravam flores
Que coisa mais bela, quanta delicadeza.
Queria um  só pra mim
Para emoldurá-lo em minha retina!
De vestido, com tubinho de broderie
De saia plissada, pregueada, de tafetá, organdi
 Petit poir,  de chita, não importa, não vem ao caso
Todos eles envelopando tesouros franzinos, virginais.
Querem mais! Querem mais!
Do corpinho acolchoado, imaginava, que seios escondiam!
Satanás!!!! Lúcifer!!! Me protejam. O quê? Por santos clamar!?
Não, não, eles não entendem disso. Tetas são coisa pra diabo administrar.
Tocá-los nem falar! Só um pouquinho, por favor, num só... Prometo que com respeito...
Lembro que um leve toque nos peitos arrancavam suspiros de donzela em chamas
Muito mais que incêndio em Roma, sensacional, que feito.
Medo de barata, que sensual. Aqueles gemidos Ai! Ai! Socorrooo!  Isso não existe mais... Hoje tão valentes, que lástima.
Passou, passou, não volta mais.
Como as coisas mudaram...
Meninas lindas, na melhor idade
Muito prazer! Seus lábios, mudos, carnudos, entreabertos, roucamente respondiam: este prazer é todo teu!
Lábios de mel, besuntados de glacê, em carne viva, pintados com batom.
Ah! Batom!  Sabor morango. Posso provar?! Não era meu? e então, por que sonegar? Egoístas...
Te espero na saída do colégio!
Que tal um sorvete? Ah! Só se for de baunilha. Exigentes, podiam.
Te encontro na missa!
Me autografas um santinho? Não, não, foto do Elvis não tenho! Me nego.
Recebeu meu bilhete? Responda, por favor! De preferência em inglês, diga:
Y love you!
Ou talvez em francês, mais  chique:
Je t’aime!
Melhor, taque um ósculo no papel e me mande. Mesmo que doa vou grampeá-lo no peito para levá-lo sempre comigo até meu último suspiro no derradeiro leito. Juro, juro por Deus nosso Senhor! Prometo! Assim será feito!
Era assim naquele tempo, lembro...
Esqueça, esqueça, esse tempo passou, passou...
Como as coisas mudaram... Ou mudamos nós... Mudamos nós.

Desculpem-me, hoje, só hoje, minha conversa no Bar mudou de tom, estou nostálgico.
Garçom, por favor, a saideira!
Oooo, garçom, por que estás chorando?! Não queria que escutasse isso. Chuta a tristeza pro lado e me atende. Depois vem, vem, puxa uma cadeira... Tens um ombro amigo... E conta teu causo, todos nós temos um.  Qual a razão? Quem foi a menina das antigas que enfiou uma baioneta sem fio em teu coração?
Homem de Deus,  estás te esvaindo em sangue!
Estanque esse sangramento
Tire-a  do pensamento,


Infante ainda... Faz tanto tempo, paixão empoeirada... Vencida...
Tenho a receita.
Teu caso é grave.  Para esquecê-la, dê um jeito.
Uma é pouco.
Arrume outras. Simples assim.
Aqui entre nós, não sei não, não sei não.

















Autor: Miguel Guggiana
Ilustração: Leandro Doro