quinta-feira, 1 de março de 2012

Dor de cotovelo

Durante este mês postaremos alguns contos, causos, conversa fiada, ou seja lá o que for; Dor de cotovelo, Aqui tá pior. Bem pior, Direitos iguais, É pior que..., e Depoimento da vizinha.
Se complementam, entremeiam, entre si. Época em que são ou foram protagonizados não observam a linha do tempo.
Compromisso com a racionalidade, inexiste.
Prometemos, que em abril, retornaremos à normalidade.

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Dor de cotovelo




Com esta de colocar nos textos postados aqui sugerir uma música, meu gosto ficou escancarado. Recebi alguns “conselhos” e palpites quanto às minhas preferências.
Mas assumo! Gosto da Boate Azul, da Dama de Vermelho e do Garçom, então! Músicas desse tipo. De intérpretes como Maysa, do Francisco Alves, da Nora Nei. Mas não sou radical, posso rever e sugerir também, Wando, Roberto Carlos. Ah! E a Angela Maria... Ah!  Nat King Cole...
Os argumentos foram, pejorativamente; “música dor de cotovelo”.
E quem não teve dor de cotovelo? Atire a primeira pedra. Atira! Atira! Isso é coisa velha. E não tem vacina contra.
Até Freud e Jung, que lá pelos anos de 1900 e alguma coisa andaram ganhando uns pilas fazendo as pessoas cochilarem em um catre a contarem segredos pessoais, estudaram o assunto, com outra roupagem, e tenho certeza, aproveitariam essa dita “dor de cotovelo”, letra e música, para qualificar suas pesquisas e arrancar todos os segredos, todos, todos.. ,até aqueles,  facilitando o diagnóstico. E sofreram disso também. Tenho certeza.
Imagine o sucesso! Reginaldo Rossi e Freud juntos, assinando trabalhos científicos!
Jung e o Milionário e José Rico defendendo teses idênticas no Conversas Cruzadas!
Parece que estou vendo a ambulância da SAMDU levando o Lasier Martins para o Manicômio.
Esta dor desgraçada foi descrita por Caetano Veloso de forma bem conclusiva; “o ciúme dói no cotovelo, na raiz dos cabelos, gela a sola dos pés”. É isso mesmo e mais um pouco. Esse mais um pouco foi identificado de forma contundente por um uruguaianense, não identificado, como sendo: "pior que talho na bunda, dói e não sara nunca".
Cura? Até que tem! É. Mais ou menos...
Conheci um amigo, que supostamente curado, resolveu inticar com a mulher que  causou  sua dor de cotovelo fazendo uma serenata de desagravo, cantando embaixo de sua janela,  com violão e até  banquinho para apoiar o pé,  o samba  de Adoniran Barbosa “mulher, patrão e cachaça, em qualquer canto se acha”.
Imagine só o que aconteceu. A tresloucada atirou um radinho Philips, cor creme, uma preciosidade, de 1958! Não leram errado. De 1958! Uma radiada na cabeça!
Um toco de gente. Desmilinguida.  Loca de atá. Essas baixinhas são as mais metidas.Tava pensando o quê?  Que era a Kim Novak? Eva Peron? Ava Gardner? Cléopatra? Teresa Cristina?  Mulher Melancia?
Levei o amigo de Kombi para o Postinho de Saúde. No caminho, indignado com a agressão despropositada, até sugeri para a vítima a possibilidade de processá-la pela intenção visível de machucá-lo e ainda com um objeto antigo, raro. Agressão pura, física e ao patrimônio cultural! Uma boa advogada a colocaria na cadeia por uns 20 anos.
A suposta ofensa dele foi musical. Ela poderia ter retribuído atirando um travesseiro, uma almofada, um livro, pode ser o Pequeno Príncipe, jornal velho.  Vai... exagerando, até um copo plástico. Mas não! Tinha que ser um rádio, e dos antigos. Foi prá machucar. Intencional. Pura maldade.
Estamos muito vulneráveis nisso. Nem Lei Maria da Penha para os homens! Nem Delegacia Especializada!
Mas, retomando o causo, sabe o que o desgranido me respondeu, agarrando o cotovelo com as duas mãos (a cabeça é que fora machucada, estava que nem um porongo!...); “ainda dói, ainda dói”. Pode? Que poder elas tem!
Me caiu os butiá do bolso.
Escute: http://www.youtube.com/watch?v=ZxxM261ddhI
E para acompanhar uma dor de cotovelo, nada melhor que escutar Maysa. http://www.youtube.com/watch?v=8gtOXoXeWQc

Autor: Miguel Guggiana
Ilustração: Maurício Zamprogna

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