quinta-feira, 8 de março de 2012

Direitos iguais.

Recebi fax de um leitor deste blog que lendo “Dor de cotovelo”e  “Aqui ta pior. Bem pior”,  animou-se a contar sua história. Pareceu-me respeitoso. Começou assim: “seu contosdoantiquario...”
Emotivo, também. O papel do fax estava úmido, imagino que de lágrimas, de tristeza. Seu caso não era de cotovelo. PIOR. Muito pior. A mulher tinha outro, e dentro de sua própria casa. Seu nome, Bidu. Daqueles cachorrinho pequeninho, nojentinho. Com registro e tudo o mais. Tinha até carteira da Unimed pois se recusava a ir à pet shop, afinal era um ser humano como outro qualquer como diria o ex-ministro Magri.
E o cusquinho, não vão acreditar, era veganinho. Comia tomate, rúcula e alface, com óleo de oliva, puro, com acidez de 0,1%, carésimo..... Não resistia a uma berinjela. Um vez comprou óleo de soja misturado com o de oliva, era mais barato. Pra quê? Levou bronca do dog e da mulher.
Água? Só mineral e com gás. Ração só da Royal Canin.  Xampu só do Boticário. Passear, só de patinete. E ele empurrando.
Pra ele, massa miojo, água da cacimba e sabão em barra. Aquilo que é bom, só de quinze em quinze dias, depois da novela, com o Bidú latindo; “quero passeá, quero passeá” ( au au traduzido). “Le chien” era ciumento.
Só queria direitos iguais. Nada mais. Não queria vantagens. Direitos iguais.
Sentava para escutar o radinho, e a mulher dizia “leva o Bidu pra passeá”.
Sentava para ver Grêmio x Lajeadense, e a mulher dizia “dá suquinho de laranja pro Bidu”.
Sentava para tomá uma Norteña e a mulher dizia “escova o Bidu”
Sentava para escutar o Sala de Redação e a mulher dizia “dá banho no Bidu”.  Banho! Eureka!


Motorádio modelo RCM-65, ano 1984.
Doação de Ellen e Airton.

Preparou o plano para uma fuga rápida. Sabia que ia dar bolor. A coisa iria feder. Deixou o Chevettão ligado na garagem, juntou o radinho, um Motorádio, a coleção de discos do Francisco Alves, o pijama listrado, meia dúzia de carpim, a camiseta do Grêmio, enfim, o básico.
Ritualizou a operação. Tirou as pantufas do bicho, fez uma cosquinha, aqueceu a água mais do que o recomendado e... deu  banho no Bidu.  Seria o último. Com creolina. E ainda adicionou um copo de Isa Raz. Já que ia dar merda, que a razão fosse bem justificada.

Não demorou cinco minutos, o perro e a mulher com um objeto qualquer na mão, não lembrava o quê, vieram a mil para cima dele.  GRITANDO “CACHORRO, TE MATO”. O Bidu sabia que não era pra ele. O CACHORRO era o nosso missivista.

Coleção propria.

Transcrevo suas últimas palavras, textuais. O meu fax estragou nesse ponto; “corri rápido prá garagem, me acomodei no Chevettão, motor aquecido, olhei para trás e gritei Biuuuhuhhhuu!! nunca mais, nunca mais. Não é que o controle do portão automático pifou......”
Por favor, entre em contato novamente e conte o fim da estória. Seu nome será preservado.
Tem cada uma! Esta é de tomá Fanta Uva na rodoviária. Fora do gelo.
Sugestionado pelo missivista tocaremos Francisco Alves em... http://www.youtube.com/watch?v=Es8EzIP2AYI


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