quinta-feira, 25 de junho de 2015

Antiga maquina manual de costurar.



Acervo da família Gosch.  
Nº 1274041 - Fabricante (?)

Esta máquina acompanha a família Gosch há quase um século.  O amigo e poeta campeiro Telmo Gosch achou por bem, em boa hora, dar um trato na mesma  e prolongar sua vida por outro tanto.  Passou pelas mãos do restaurador Mario Borrea que azeitou seu funcionamento e preservou as marcas do tempo, sem descaracteriza-la.
A identificação de seu fabricante fica em aberto.

Mais não precisamos  dizer da maquininha quando o poeta, Telmo Gosch,  diz tudo quando verseja a respeito. Leiam


MÁQUINA DE COSTURA


Minha alegria, hoje é pura,
Pois recebi em legado,
Antiga máquina de costura,
Foi para mim um agrado,
Pois sua elegância em negrura,
Deixou-me emocionado.
Herança do século passado,

Esta pérola antiga,
Vó bisa ganhou no noivado,
De uma querida amiga,
Com seu brilho floreado,
Tem o som de uma cantiga.

Tangida por manivela,

Pequena cheia de encanto,
A sua presença singela,
Valoriza qualquer recanto,
Tua história, rara e bela,
A todos causa espanto.

Pus-me então a recordar,

Desta máquina de costura,
Senti minha alma transbordar,
Senti na boca uma secura,
A saudade a me transportar,
Pra momentos de doçura.

Lembro-me da casa amarela,

Com janelas cor carmim,
Do jardim em aquarela,
Do perfume do jasmim,
De mãos girando a manivela,
Cascateando o som pra mim.

O som de forma maneira,

Chegava lá da oficina,
Alfaiates – costureiras,
Seguindo a sua sina,
Cosiam bombacha campeira,
Faziam roupas pras chinas.

Máquinas de pedal,

Só uma de manivela,
Por ser esta manual,
Meu olho se prendia nela,
Uma arte sem igual,
Que eu espiava da janela.

No alto de meus oito anos,

Eu ficava a meditar,
Como uma coisa tão pequena,
Podia o pano transformar,
Criando uma nova cena,
E vestes a desabrochar.