Este é o título de documentário roteirizado e dirigido pelo jornalista José Roberto Torero. O texto da sinopse nos diz que “entrelaça a história da vida de seis imigrantes, representantes de diferentes grupos no século XX; espanhóis, italianos, japoneses, portugueses, sírios e bolivianos. Sentados numa cadeira de barbeiro, eles narram episódios e nuances de sua chegada e nova vida na capital paulista”.
Certamente essas pessoas, provenientes de diferentes origens, calejados pelas dificuldades, ouviram ou contaram ao barbeiro “ histórias cômicas, trágicas, curiosas”.
Bem, se chegaste a ler até este ponto, certamente seduzido pela amplitude do titulo, minha intenção foi alcançada.
A chamada é realmente sugestiva e dá vaza ao nosso imaginário, permitindo criar a versão que desejarmos.
Então, nessa intenção, convido-o deixar de lado o enfoque supostamente mais sério e realístico do jornalista, sentando numa dessas cadeiras, fechando os olhos, sentindo aquele ambiente característico recender a perfume, Atkinsons, ou, talvez, Água Velva. Escolha, ao seu gosto e vamos viajar no imaginário.
Passeie no tempo, idealize o perfil de nosso barbeiro, atualizado nas questiúnculas do local, interlocutor e mediador de boa prosa, como o bonachão que a conduz de forma humorada, com roupagem interiorana, que completa todo tipo de fala, na vontade de fazer o cliente, confortavelmente, sentir-se em casa
Bem ao estilo do poeta Antonio Sala, que em poema retrata o nosso mundo, visto dessas cadeiras, e que a charla de Mauricio de Souza sintetiza; “ assim formando o informal, que Deus nos acuda se disser que afirmei e muito menos ao contrário, porque é assim que a vida passa, na cadeira do barbeiro, num delicioso causo do banal”.
![]() |
Imagem Ilustrativa |
A Cadeira do Barbeiro
É na cadeira de barbeiro que a gente sabe o que sabe,
Quando se corta a ”guedelha”, quando o cabelo se abate,
Se faz o corte das unhas dos governantes, pois, pois...
E se ensaboa a má língua, depois.
É na cadeira de barbeiro que a gente vai fofocar,
Enquanto lustra o sapato e toca, toca a engraxar.
Se dá o aparo ao bigode e à vida doutros, também...
Mas nunca se diz mal de ninguém!
É dar e dar à tesoura, e as navalhadas são mil.
É no barbeiro que a conversa é baril.
Ali se sabe sempre e em primeira mão,
O que vem nos jornais, rádio e televisão.
É na cadeira de barbeiro que a gente sabe, pois é.
Que a D. Berta e o vizinho, são só amigos... não é ?
E que o fulano da esquina, a quem se chama Doutor,
![]() |
http://www.youtube.com/watch?v=w1vWIzW7nXY |
Não tem canudo, não tem, não senhor.
É na cadeira de barbeiro que a gente sabe o que sabe,
Quando se corta a “guedelha”, quando o cabelo se abate.
Se faz o corte da unhas, dos governantes, pois, pois...
E se ensaboa a má língua, depois.